O ano de 1954 marca a inauguração da Rodovia Presidente Dutra, ligando as duas principais cidades do País, naturalmente, o entorno da Rodovia tornou-se objeto do desejo de indústrias, devido às vantagens logísticas dessa localização. O surgimento de grandes empresas demandou a necessidade de mão-de-obra para as atividades operacionais, na sua maior parte, os trabalhadores fixaram residências no município, explicando a explosão populacional.
Em 1985, outro importante equipamento logístico foi inaugurado, o Aeroporto Internacional de Guarulhos, tornando-se o principal Aeroporto em termos de circulação de cargas e pessoas do país.
Soma-se a isso, o fato que outras duas Rodovias cortam a cidade, Fernão Dias e Airton Senna, tornando a cidade num hub rodoviário, a grande esquina do Estado de São Paulo. Nos próximos anos, teremos a execução dos trechos leste e norte do Anel Viário do Estado de São Paulo, considerada a maior obra viária do país, a qual naturalmente deverá conectar-se ao Aeroporto e também a via Jacú-Pessego.
Emerge a necessidade de colocar na pauta, os esforços a serem desenvolvidos para manter a vantagem logística, a otimização desses recursos e as estratégias para manter ativa a economia da cidade:
i) as melhorias nas marginais da cidade de São Paulo aliada a sua governança (com a proibição de caminhões) permitiu o aumento da fluidez do trânsito. Todavia, os ganhos estão sendo estrangulados pela precariedade da Rodovia Presidente Dutra, a qual se encontra via de regra congestionada e sem nenhum tipo de governança; ii) a Rodovia Fernão Dias encontra-se parcialmente interditada, as obras estão em ritmo lento e sem nenhuma sinalização de término, acomodando-se numa solução paliativa. iii) o Aeroporto Internacional, opera em ritmo superior a sua capacidade, a ampliação é inevitável, e o projeto original já previa a ampliação de terminais, mas a decisão definitiva não foi tomada; iv) a malha ferrovia inexiste, soluções mirabolantes são colocadas, mas, distantes de resultados objetivos; v) a chegada do Metrô a cidade parece um sonho cada vez mais distante, parece óbvio que o principal Aeroporto do País deve estar conectado ao Metrô; vi) a emergência de um parque tecnológico, visto que a indústria para continuar competitiva precisa ser requalificada e gerar inovações, as quais derivam da aplicação de conhecimentos.
Esse conjunto de fatores deve se transformar numa lista de checagem das intenções dos candidatos a deputados e senadores e de cobrança em relação ao executivo da sociedade civil organizada.
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Repercussão do Análise Guarulhos na imprensa
Editorial – Folha Metropolitana – 29/04/2010
Um
levantamento feito pela Agência de Desenvolvimento de Guarulhos
(AGENDE) e publicada na última quarta-feira na Folha Metropolitana
mostrou que Guarulhos não é uma cidade tecnológica. Isso significa que
faltam na cidade empresas com tecnologia de alto grau de
desenvolvimento. Significa também que o setor produtivo não tem uma
melhor qualidade e os empregos não são mais estáveis porque não há um
parque tecnológico na cidade, conforme explicou o presidente da AGENDE,
Daniele Pestelli.
E por que é preciso melhorar tecnologicamente
as indústrias na cidade? Porque GuaruIhos é a segunda cidade que mais
emprega em São Paulo, atrás apenas da Capital, e a terceira no País,
neste caso o Rio de Janeiro fica à frente. Quando se tem tecnologia
própria o valor agregado é maior. Consequentemente, há ganhos na massa
salarial e aumenta-se ainda a procura por mão de obra qualificada.
De
acordo com Pestelli, outro fator positivo é que os empregos ficam mais
estáveis, ou seja, não é qualquer crise que fará o empregador demitir
seus funcionários qualificados. A AGENDE fez uma avaliação sobre os
empregos na cidade e constatou que o setor farmacêutico é um dos poucos
que detêm alta tecnologia na sua produção na cidade. É muito pouco para o
município. Segundo o estudo, a concentração de empregos na cidade está
nas empresas de média baixa e baixa tecnologias, como por exemplo
fábrica de móveis e o setor alimentício.
O parque tecnológico, que
envolve os governos municipal e estadual, atrairia ainda outras empresas
de alta tecnologia para a cidade, melhorando a qualidade do emprego e a
massa salarial, segundo Pestelli.
Mas, para se construir um
parque tecnológico na cidade, são necessárias duas medidas: uma parceria
entre Prefeitura e Estado, para que o Estado possa repassar de R$ 6
milhões a R$ 7 milhões necessários para a implantação do parque e em
contrapartida o município deve doar uma área de 200 mil metros
quadrados. São poucas as áreas na cidade com essa dimensão.
Uma
delas é a da DryPort, que fica próxima da Rodovia Ayrton Senna. A área
está sendo alvo de discussão entre a empresa, a Prefeitura e o
Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa).
Segundo Pestelli, 60% dos
empregos em Guarulhos estão nas empresas de média baixa e baixa
tecnologias e, portanto, reféns do humor do mercado de trabalho. Defende
um parque tecnológico na cidade porque o ativo industrial é expressivo,
e se não der condições para esse ativo acaba afetando negativamente o
trabalhador.
De acordo com o estudo da AGENDE, o desenvolvimento
de indústrias de alta intensidade tecnológica é fundamental, uma vez
que, em alguns anos, esses segmentos serão responsáveis por
aproximadamente 25%das exportações mundiais.
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Parque Tecnológico
A necessidade de
preservação do ativo econômico de Guarulhos, 8º PIB industrial do país,
por si só já é capaz de dar total sentido à declaração que dei a um
jornal da cidade: “Guarulhos clama pelo Parque Tecnológico”,
assim como clamam outras importantes cidades de nosso potente Estado, e
que, tal qual Guarulhos, precisam acompanhar o movimento em favor da
inovação e da tecnologia – motor da economia contemporânea – a partir da
interação entre mundo científico (acadêmico e de pesquisa) e produtivo,
sob pena de perderem o trem da atualização e da preservação de sua
importância econômica.
Isto nos remete ao nível de esforço que devemos todos (sociedade civil, imprensa local, poder público e comunidade acadêmica entre outros) exercer para que possamos superar os entraves que podem envolver a missão de implantação do Parque. Não podemos e não devemos olhar para estas dificuldades como se fossem intransponíveis e não valessem qualquer esforço de superação.
Com esta consciência é que nós da AGENDE nos associamos ao Poder Público local na busca de uma área que possa abrigar nosso Parque. O Prefeito Sebastião Almeida determinou a criação de um Grupo de Trabalho responsável pelo estudo de viabilidade e pela busca de soluções práticas, inclusive a definição de um espaço adequado. É notória a falta de estoques de áreas públicas na cidade, ainda mais para atender ao critério do Sistema Estadual de Parques (Programa do Governo do Estado de incentivo à criação de Parques Tecnológicos) que exige uma área mínima de 200 mil m².
Não obstante, jamais deixamos de acreditar na possibilidade de solucionar este problema a partir da união de esforços entre Sociedade Civil e Governos Municipal e Estadual.
Nesta linha é que surge a possibilidade de transformar um antigo problema entre Município, Estado (DERSA) e iniciativa privada (Dry Port) na solução procurada, a partir de um acordo entre as três partes que ofereça à Prefeitura Municipal uma área para a instalação do Parque – ao mesmo tempo em que baixa um valor considerável da dívida ativa da cidade. O Ministério Público Estadual já demonstrou concordância com a possível troca de parte da área concessionada para pagamento da dívida, desde que isto seja acompanhado da resolução do problema da dívida do Dry Port com o DERSA. Todos esses pontos já foram pré-acordados em documento assinado pelas duas partes diante do Promotor Público.
Óbvio que não podemos entender ser este o único caminho para a solução do entrave. No entanto, havendo de fato a possibilidade de se chegar a um bom termo, que respeite os limites da lei e preserve o patrimônio público, devemos todos nós, agentes cívicos que lutamos pelo desenvolvimento da cidade, incentivar e apoiar Governo Local, Governo Estadual e Dry Port a solucionar suas pendências, defendendo ao mesmo tempo, que essa negociação resolva também o importante gargalo em que se caracteriza a obtenção de área pública para a implantação do Parque Tecnológico de Guarulhos.
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