Na América do Sul, o monte Roraima, um dos mais altos planaltos da
região, tem duas características pouco comuns: além de se estender por
três países (Venezuela, Brasil e Guiana), é completamente plano. Alvo de
lendas e superstições, é hoje tema de documentários sobre a Natureza,
explorações científicas e escaladas para os mais aventureiros.
Está entre as formações geológicas mais antigas da Terra, quando os
continentes ainda nem estavam separados, há cerca de dois bilhões de
anos. O Monte Roraima foi ganhando este aspecto devido à acção do vento e
da chuva, que foram “moldando” as suas rochas.
Situado num terreno montanhoso rodeado por outros
imponentes montes, faz parte do chamado grupo Tepuis. Este grupo
caracteriza-se pela sua forma natural: praticamente plana, como se os
seus montes fossem mesas. Com uma extensão de 31Km2, está distribuído
entre três países: no sul da Venezuela, no extremo norte do Brasil e no
oeste do Guiana.
Desde sempre o Roraima despertou interesse e curiosidade. Há várias
lendas antigas e mitos desde os primeiros povos que habitavam nas
redondezas. Descrito pela primeira vez apenas em 1596, por Sir Walter
Raleigh, foi também fonte de inspiração ao criador do famoso detective
Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, para a sua obra de 1912 O mundo perdido.
Em 2006, uma equipa de cientistas partiu numa exploração às
recentemente descobertas grutas de Roraima. Um ano depois, retornariam
com alguns apoios por parte da NASA, para uma maior investigação sobre
micróbios encontrados nas paredes das grutas que poderiam trazer pistas
sobre a vida noutros planetas.
As escaladas, subidas e descidas pela montanha datam já de 1884. Sir
Everard Im Thurn, após várias tentativas de chegar ao topo, encontra
finalmente um caminho pelas encostas. Apesar do difícil e íngreme
acesso, foi o primeiro tepui a ser escalado. Hoje em dia, é esse o
percurso mais usado pelos aventureiros que procuram uma experiência
diferente.
Alcançar e percorrer os 90 Km do cume não é tarefa fácil. Pode levar
dois dias até lá e sete dias para uma “exploração” total de toda a área.
A caminhada começa do lado venezuelano. Na aldeia indígena de
Paraitepuy, próxima da zona, é possível encontrar um guia para
acompanhar a viagem, já que as nuvens e o tempo chuvoso podem levar
alguém a perder-se no caminho. Para além da maravilhosa vista, da
diversa fauna e flora que Roraima oferece, o ponto alto é a “Pedra
Maverick”, que se assemelha a um modelo de automóvel dos anos 70. Os
milhões de litros de água que escorrem pelo monte formam riachos e
quedas de água de 979 m - entre elas, “Santo Angel”. Esta é a única
maneira de chegar, sem recorrer ao uso de equipamentos de alpinismo. Do
lado de Guiana e do Brasil, devido às falésias que rodeiam o monte, é
impossível contorná-lo sem esta ajuda.
Para protegê-lo, foi transformado em 1989 em Parque Natural.
Obvius
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