Casa Saraceni, o prédio foi demolido. Um dos marco da primeira industrialização do município foi derrubado pela vontade dos proprietários da Shopping Internacional.
No final do século XIX, José Saraceni
imigra da Itália junto como muitos outros conterrâneos, o destino
escolhido por Saraceni: o Brasil.
Saraceni se instala em São Paulo, um de
seus primeiros trabalhos consistia na fabricação de artigos de couro,
consta que sua primeira fabriqueta se localizava na Avenida Tiradentes,
em São Paulo, ao lado do batalhão Tobias de Aguiar.
Em fins da década de 1910, Saraceni
adquiri da Família Ferreira Endres, uma chácara à beira do caminho entre
a Penha e Guarulhos e a bela casa em estilo art nouveau. Inicia a
construção da casa com pretensão de a família transferir suas
atividades para esse belo local. Instala-se então uma das primeiras
famílias fábricas de Guarulhos.
Saraceni instala a fábrica de polainas, sandálias e artigos de couro, que se constituiu como pioneira no Município. Inicialmente funcionando no porão, passaria a um prédio próprio dentro da própria chácara, ao longo tempo constroem-se novas edificações, casas de operários e até mesmo uma escola para os filhos dos trabalhadores da fábrica.
As vilas operárias baseavam-se em uma
proposta de integração da organização à sociedade e que resultou em
estreitamento das relações sociais estabelecidos no início do processo
de industrialização do Brasil – final do século XIX e princípio do
século XX – ocorreu através da criação das Vilas Operárias, aglomerados
urbanos que se compunham basicamente das famílias dos operários e que se
situavam no entorno das empresas (SILVA, 2004).
“… tendo ao lado, a vila de onze casas
modestas, mas confortáveis, que construiu para residência dos operários e
suas famílias, sem cobrança de aluguel, com fornecimento gratuito de
luz, água, leite, frutas e verduras. Construiu, inclusive, uma escolinha
com duas classes, posteriormente entregues ao Município (…)”.
A Chácara Saraceni foi vendida em 1973 à
Olivetti e parte das casas dos operários foram demolidas, desse período,
permanecendo no local a residência e um grande quintal da Família
Saraceni, , sabiamente preservada por essa instituição particular.
Demandas históricas, sociais, culturais e arquitetônicas influenciam o
tombamento pelo Município, através doa lei orgânica no seu inciso XI do
seu artigo 28 e promulgado em 05 de abril de 1990.
Em 2000 após uma tentativa de demolição
por parte de seus novos proprietários (o grupo Internacional), o poder
público municipal através do Decreto 21.143/00, ratifica o tombamento.
Decreto 21.143/00, após uma tentativa de demolição por parte de seus novos proprietários.
A lei abaixo é de 1936 onde o Estado adiquire o imóvel por doação.
A lei abaixo é de 1936 onde o Estado adiquire o imóvel por doação.
LEI N.2.724, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1936
A ASSEMBLE'A LEGISLATIVA DO ESTADO decreta e eu promulgo, a
seguinte lei:
Artigo 1.º - Fica o Poder Executivo autorizado a adquirir, por doação de José Saraceni, um terreno situado no bairro do Itapegica, municipio de Guarulhos, destinado á construcção de um edificio para o grupo escolar.
Artigo 2.° - Esta lei entrará em vigôr na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrario.
Palacio do Governo do Estado do São Paulo, aos 18 de novembro de 1936.
ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA
Cantidio de Moura Campos.
Syvio Portugal
Publicada na Secretaria de Estado da Educação e Sande Publica, aos 18 de novembro de 1930.
A. Meirelles Reis Filho
Director Geral
Artigo 1.º - Fica o Poder Executivo autorizado a adquirir, por doação de José Saraceni, um terreno situado no bairro do Itapegica, municipio de Guarulhos, destinado á construcção de um edificio para o grupo escolar.
Artigo 2.° - Esta lei entrará em vigôr na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrario.
Palacio do Governo do Estado do São Paulo, aos 18 de novembro de 1936.
ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA
Cantidio de Moura Campos.
Syvio Portugal
Publicada na Secretaria de Estado da Educação e Sande Publica, aos 18 de novembro de 1930.
A. Meirelles Reis Filho
Director Geral
A lei abaixo é de 2006 onde o estado revoga a lei.
Lei
n° 12.246,
de 27/01/2006
|
|
Ementa |
Revoga as leis que especifica, relativas ao período compreendido entre os anos de 1935 e 1936 |
Projeto - Autor | Promulgação |
PL 838/2005 - Cândido Vaccarezza, Analice Fernandes, Baleia Rossi, Donisete Braga, Giba Marson, Milton Vieira, Roberto Morais, Vinícius Camarinha, Ana Martins, Antonio Salim Curiati, Arnaldo Jardim, Edmir Chedid, Edson Aparecido, Jonas Donizette, José Dilson, Renato Simões, Ricardo Castilho, Romeu Tuma, Souza Santos, Waldir Agnello | Executivo |
Fonte | Republicação |
DOE-I 28/01/2006, p. 7/8 | - |
http://www.al.sp.gov.br/legislacao/norma.do?id=63672&ementa=S#inicio = Inicio da madrugada do dia 5 de novembro de 2010, para algumas pessoas, era o fim de mais uma sessão de cinema no Internacional Shopping Guarulhos e para outras, o fim do Casarão Saraceni que se localizava dentro de um dos estacionamentos deste estabelecimento. Em poucas horas, na calada da noite, a única casa que preservava características em art nouveau da cidade de Guarulhos virou um amontoado de entulho, atropelando a história. TRAJETÓRIA: Em 1919 Guiseppe Saraceni e família chegaram a Guarulhos e se instalaram no bairro de Itapegica, próximo a Avenida Guarulhos, caminho para o bairro da Penha. No porão deste casarão, funcionou a primeira indústria de sapatos e artefatos de couro de Guarulhos que fornecia para o Segundo Batalhão de Guardas de São Paulo que ficava localizado no centro da capital paulista. Os Saracenis eram considerados por muitos historiadores, como os percussores da industrialização na cidade. Isso, sem contar que o casarão serviu como campo de refúgio durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Guiseppe Saraceni foi prefeito da cidade no ano de 1936 e portador da primeira carteira de motorista de Guarulhos. Na década de 1990, esta unidade da empresa Olivetti fechou e alguns anos depois foi comprada pelo empresário Antônio Veronezi que posteriormente transformou o local em um shopping center. O Casarão Saraceni que ficava em meio às árvores frutíferas acabou ilhado ao meio do estacionamento do shopping. Tombado pelo Conselho de Patrimônio Histórico de Guarulhos em 2000, o casarão que ultimamente não estava sendo utilizado, estava em boas condições de conservação e preservação. Em 2009, o vereador Geraldo Celestino (PSDB) entrou com um pedido de destombamento do imóvel alegando que o patrimônio não possuía nenhum vínculo histórico e arquitetônico. O destombamento foi aprovado pela Câmara de Vereadores e precisava da autorização do Conselho de Patrimônio Histórico. O mais aterrorizante é que o destombamento foi aprovado pelo Conselho do Patrimônio Histórico tendo como base um parecer técnico de Carlos Augusto Mattei Faggin, professor titular da FAU–USP e conselheiro do CONDEPHAAT. Neste parecer, Faggin afirma que “nada justifica a permanência desta obra. Podemos ficar sem o Casarão que não chega a ser relevante e nada tem de interessante”. Esta frase soou como uma sentença de morte. A casa poderia ser demolida a qualquer momento, e foi o que aconteceu. Quatro dias após as eleições, a casa veio abaixo e em menos de dois dias já não havia nem mesmo resquício de entulho no local. Estivemos no local no dia da derradeira demolição e flagramos os últimos suspiros de uma memória agonizante. Veja abaixo fotos do imóvel antes e depois da demolição tiradas na mesma posição: Confira outras fotos do casarão |
Guarulhos: o passado está em ruínas
Por BRUNO CARVALHO
Rumo aos 450 anos da fundação de
Guarulhos e, os nossos bens históricos estão esquecidos, mal cuidados ou
até desprotegidos pelos governantes.
=
Câmara Municipal.
A Casa da Candinha, que segundo
historiadores, foi a casa grande da fazenda Bananal, construída por mão
de obra escrava. Encontra-se em ruínas que poderiam ser restauradas, mas
não há vontade política, eles alegam que não tem verba. Em fotos –
observadas durante a reunião do grupo Guarulhos: Bairro a Bairro
– nota-se que foi feita uma estrutura de cobertura sobre a casa, com o
intuito de proteger o prédio da chuva, mas eles se esqueceram da erosão
do solo e das infiltrações de água que vem por baixo.
No estacionamento do Shopping
Internacional, há a casa que foi da família Saraceni, que segundo
historiadores é um dos últimos vestígios da imigração italiana na
cidade, existem os aspectos arquitetônicos (art noveau) e nos seus
porões, por algum tempo funcionou umas das primeiras fábricas em
Guarulhos, fatos com grandes valores históricos. Porém, o vereador
Geraldo Celestino não se preocupa com a história, pois, fez um projeto
de lei que promove o destombamento do prédio. Quem será que ele
representa os donos do shopping ou a preservação do nosso passado?
Prefiro acreditar que o patrimônio histórico é mais importante que
algumas vagas de estacionamento.
E os preparativos para a comemoração dos
450 anos de Guarulhos, o secretário em reuniões só sabe reclamar que
não tem verba e que não recebe ajuda do governo estadual. O importante
para os 450 anos não são shows de grandes artistas que nada tem com a
cidade, mas sim, ações e projetos que destacam e tirem do esquecimento
fatos que marcaram o passado.
Para terminar esse artigo vou usar uma
frase pronta: “Para melhorar o futuro é preciso conhecer o passado”.
Deixo de recado para as lideranças políticas, talvez, a história tire a
máscara de muitos que ainda estão no poder, por isso é mais fácil
esquecê-la. Alguns meses atrás, um jornal da cidade teve o atrevimento
de dizer que a História não serve para nada. Eu respondo que serve para
não deixar que políticos como o Roberto Arruda (governador do Distrito
Federal) sejam eleitos, também serve para contar como os meios de
comunicação sempre tiveram lado a lado com poder.
=
=
O Guarulhos Bairro a Bairro fez um
passeio no último sábado (13). À pé os integrantes saíram da avenida
Emílio Ribas e foram até o Lago dos Patos. A intenção era ter contato
com os prédios, pessoas e vestígios históricos dessa região.
A caminhada faz parte do estudo que o
grupo realiza. O intuito da pesquisa é conhecer e divulgar os fatos
históricos, conhecer as histórias das instituições, prédios e as pessoas
importantes de Guarulhos.
A primeira região escolhida foi a que
engloba o Gopoúva e a Vila Galvão. A escolha deveu-se ao local onde
ocorrem as reuniões, a Casa dos Cordéis, residência onde nasceu o
ex-prefeito Alfredo Antonio Nader (governou a cidade em 1970).
A primeira etapa do estudo foi feita
pelos livros que contam a história da cidade, onde se encontram alguns
registros históricos da região. Na próxima etapa, personalidades e
moradores da região vão ser entrevistados. Depois os dados coletados vão
ser comparados com documentos oficiais. Até partir para o projeto final
que é escrever um livro.
Vandalismo e desinteresse das autoridades acabam com os vestígios do passado
Durante o passeio pôde-se notar que não
há cuidado com os monumentos, por exemplo, na Praça Nossa Senhora
Aparecida, no Jardim Vila Galvão. A placa de inauguração foi roubada.
Nos arredores do Teatro Padre Bento, que
antigamente fazia parte do sanatório. Os prédios, exceto o teatro e a
igreja, estão abandonados ou foram modificados, prova fiel do descuido
com a história.
A Vila Galvão, onde antigamente passava o
Trem da Cantareira, quase não guarda vestígios desse passado tão
recente (o trem foi desativado em 1965). A única lembrança de que por
ali algum dia passou um trem são placas que contam um pouco de história,
mas também danificadas por atos criminosos de vandalismo.
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