quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A história de Guarulhos não é preservada.


Marco do pioneirismo industrial em Guarulhos foi demolido.




Casa Saraceni, o prédio foi demolido. Um dos marco da primeira industrialização do município foi derrubado pela vontade dos proprietários da Shopping Internacional.
História da Casa

No final do século XIX,  José Saraceni imigra da Itália junto como muitos outros conterrâneos, o destino escolhido por Saraceni: o Brasil.
 Saraceni se instala em São Paulo, um de seus primeiros trabalhos consistia na fabricação de artigos de couro, consta que sua primeira fabriqueta se  localizava na Avenida Tiradentes, em São Paulo, ao lado do batalhão Tobias de Aguiar.
Em fins da década de 1910, Saraceni adquiri da Família Ferreira Endres, uma chácara à beira do caminho entre a Penha e Guarulhos e a bela casa em estilo art nouveau. Inicia a construção da casa com pretensão de a família transferir  suas atividades para esse belo local. Instala-se então uma das primeiras famílias fábricas de Guarulhos.


Saraceni instala a fábrica de polainas, sandálias e artigos de couro, que se constituiu como pioneira no Município. Inicialmente funcionando no porão, passaria a um prédio próprio dentro da própria chácara, ao longo tempo constroem-se novas edificações, casas de operários e até mesmo uma escola para os filhos dos trabalhadores da fábrica.
As vilas operárias baseavam-se em uma proposta de integração da organização à sociedade e que resultou em estreitamento das relações sociais estabelecidos no início do processo de industrialização do Brasil – final do século XIX e princípio do século XX – ocorreu através da criação das Vilas Operárias, aglomerados urbanos que se compunham basicamente das famílias dos operários e que se situavam no entorno das empresas (SILVA, 2004).
“… tendo ao lado, a vila de onze casas modestas, mas confortáveis, que construiu para residência dos operários e suas famílias, sem cobrança de aluguel, com fornecimento gratuito de luz, água, leite, frutas e verduras. Construiu, inclusive, uma escolinha com duas classes, posteriormente entregues ao Município  (…)”.
A Chácara Saraceni foi vendida em 1973 à Olivetti e parte das casas dos operários foram demolidas, desse período, permanecendo no local a residência e um grande quintal da Família Saraceni, , sabiamente preservada por essa instituição particular. Demandas históricas, sociais, culturais e arquitetônicas influenciam o tombamento pelo Município, através doa lei orgânica no seu inciso XI do seu artigo 28 e promulgado em 05 de abril de 1990.  
Em 2000 após uma tentativa de demolição por parte de seus novos proprietários (o grupo Internacional), o poder público municipal através do Decreto 21.143/00, ratifica o tombamento.
Decreto 21.143/00, após uma tentativa de demolição por parte de seus novos proprietários.

 A lei abaixo é de 1936 onde o Estado adiquire o imóvel por doação.


 ALESP - Secretaria Geral Parlamentar
LEI N.2.724, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1936
A ASSEMBLE'A LEGISLATIVA DO ESTADO decreta e eu promulgo, a seguinte lei:

Artigo 1.º - Fica o Poder Executivo autorizado a adquirir, por doação de José Saraceni, um terreno situado no bairro do Itapegica, municipio de Guarulhos, destinado á construcção de um edificio para o grupo escolar.
Artigo 2.° - Esta lei entrará em vigôr na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrario.
Palacio do Governo do Estado do São Paulo, aos 18 de novembro de 1936.
ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA
Cantidio de Moura Campos.
Syvio Portugal
Publicada na Secretaria de Estado da Educação e Sande Publica, aos 18 de novembro de 1930.
A. Meirelles Reis Filho
Director Geral 

A lei abaixo é de 2006 onde o estado revoga a lei.


ALESP - Secretaria Geral Parlamentar  
Lei n° 12.246, de 27/01/2006
Versão para impressão
Ementa
Revoga as leis que especifica, relativas ao período compreendido entre os anos de 1935 e 1936
Projeto - Autor Promulgação
PL 838/2005 - Cândido Vaccarezza, Analice Fernandes, Baleia Rossi, Donisete Braga, Giba Marson, Milton Vieira, Roberto Morais, Vinícius Camarinha, Ana Martins, Antonio Salim Curiati, Arnaldo Jardim, Edmir Chedid, Edson Aparecido, Jonas Donizette, José Dilson, Renato Simões, Ricardo Castilho, Romeu Tuma, Souza Santos, Waldir Agnello Executivo
Fonte Republicação
DOE-I 28/01/2006, p. 7/8 -

http://www.al.sp.gov.br/legislacao/norma.do?id=63672&ementa=S#inicio
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Inicio da madrugada do dia 5 de novembro de 2010, para algumas pessoas, era o fim de mais uma sessão de cinema no Internacional Shopping Guarulhos e para outras, o fim do Casarão Saraceni que se localizava dentro de um dos estacionamentos deste estabelecimento. Em poucas horas, na calada da noite,  a única casa que preservava características em art nouveau da cidade de Guarulhos virou um amontoado de entulho, atropelando a história.
A última foto do Casarão Saraceni - Clique para ampliar
TRAJETÓRIA:
Em 1919 Guiseppe Saraceni e família chegaram a Guarulhos e se instalaram no bairro de Itapegica, próximo a Avenida Guarulhos, caminho para o bairro da Penha.
No porão deste casarão, funcionou a primeira indústria de sapatos e artefatos de couro de Guarulhos que fornecia para o Segundo Batalhão de Guardas de São Paulo que ficava localizado no centro da capital paulista. Os Saracenis eram considerados por muitos historiadores, como os percussores da industrialização na cidade. Isso, sem contar que o casarão serviu como campo de refúgio durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
Guiseppe Saraceni foi prefeito da cidade no ano de 1936 e portador da primeira carteira de motorista de Guarulhos.
A família Saraceni reunida diante do casarão no natal de 1951 (clique para ampliar).
Em 1959 a fábrica de máquinas de escrever Olivetti adquiriu o imóvel em conjunto com um grande terreno ao lado. Construída a empresa, o casarão passou a ser a administração deste novo empreendimento.
Na década de 1990, esta unidade da empresa Olivetti fechou e alguns anos depois foi comprada pelo empresário Antônio Veronezi que posteriormente transformou o local em um shopping center.
Croqui da fachada feito para a construção do imóvel no início do século XX
O Casarão Saraceni que ficava em meio às árvores frutíferas acabou ilhado ao meio do estacionamento do shopping. Tombado pelo Conselho de Patrimônio Histórico de Guarulhos em 2000, o casarão que ultimamente não estava sendo utilizado, estava em boas condições de conservação e preservação.
Em 2009, o vereador Geraldo Celestino (PSDB) entrou com um pedido de destombamento do imóvel alegando que o patrimônio não possuía nenhum vínculo histórico e arquitetônico. O destombamento foi aprovado pela Câmara de Vereadores e precisava da autorização do Conselho de Patrimônio Histórico.
O mais aterrorizante é que o destombamento foi aprovado pelo Conselho do Patrimônio Histórico tendo como base um parecer técnico de Carlos Augusto Mattei Faggin, professor titular da FAU–USP e conselheiro do CONDEPHAAT. Neste parecer, Faggin afirma que “nada justifica a permanência desta obra. Podemos ficar sem o Casarão que não chega a ser relevante e nada tem de interessante”.
Esta frase soou como uma sentença de morte. A casa poderia ser demolida a qualquer momento, e foi o que aconteceu. Quatro dias após as eleições, a casa veio abaixo e em menos de dois dias já não havia nem mesmo resquício de entulho no local.
A escavadeira em ação, com o entulho do antigo casarão (clique para ampliar).
Estivemos no local no dia da derradeira demolição e flagramos os últimos suspiros de uma memória agonizante.
Veja abaixo fotos do imóvel antes e depois da demolição tiradas na mesma posição:
Antes: Vista superior do imóvel
Depois: Vista superior do terreno
Antes: Vista lateral a partir da calçada
Depois: Vista lateral da mesma calçada, uma semana depois.
Confira outras fotos do casarão
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Fonte- www.saopauloantiga.com.br

Guarulhos: o passado está em ruínas

Por BRUNO CARVALHO
Rumo aos 450 anos da fundação de Guarulhos e, os nossos bens históricos estão esquecidos, mal cuidados ou até desprotegidos pelos governantes.
Prédio abandonado, onde funcionava a Microlite.


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Câmara Municipal.

 A Casa da Candinha, que segundo historiadores, foi a casa grande da fazenda Bananal, construída por mão de obra escrava. Encontra-se em ruínas que poderiam ser restauradas, mas não há vontade política, eles alegam que não tem verba. Em fotos – observadas durante a reunião do grupo Guarulhos: Bairro a Bairro – nota-se que foi feita uma estrutura de cobertura sobre a casa, com o intuito de proteger o prédio da chuva, mas eles se esqueceram da erosão do solo e das infiltrações de água que vem por baixo.
 No estacionamento do Shopping Internacional, há a casa que foi da família Saraceni, que segundo historiadores é um dos últimos vestígios da imigração italiana na cidade, existem os aspectos arquitetônicos (art noveau) e nos seus porões, por algum tempo funcionou umas das primeiras fábricas em Guarulhos, fatos com grandes valores históricos. Porém, o vereador Geraldo Celestino não se preocupa com a história, pois, fez um projeto de lei que promove o destombamento do prédio. Quem será que ele representa os donos do shopping ou a preservação do nosso passado? Prefiro acreditar que o patrimônio histórico é mais importante que algumas vagas de estacionamento.
 E os preparativos para a comemoração dos 450 anos de Guarulhos, o secretário em reuniões só sabe reclamar que não tem verba e que não recebe ajuda do governo estadual. O importante para os 450 anos não são shows de grandes artistas que nada tem com a cidade, mas sim, ações e projetos que destacam e tirem do esquecimento fatos que marcaram o passado.
 Para terminar esse artigo vou usar uma frase pronta: “Para melhorar o futuro é preciso conhecer o passado”. Deixo de recado para as lideranças políticas, talvez, a história tire a máscara de muitos que ainda estão no poder, por isso é mais fácil esquecê-la. Alguns meses atrás, um jornal da cidade teve o atrevimento de dizer que a História não serve para nada. Eu respondo que serve para não deixar que políticos como o Roberto Arruda (governador do Distrito Federal) sejam eleitos, também serve para contar como os meios de comunicação sempre tiveram lado a lado com poder.
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O Guarulhos Bairro a Bairro fez um passeio no último sábado (13). À pé os integrantes saíram da avenida Emílio Ribas e foram até o Lago dos Patos. A intenção era ter contato com os prédios, pessoas e vestígios históricos dessa região.
A caminhada faz parte do estudo que o grupo realiza. O intuito da pesquisa é conhecer e divulgar os fatos históricos, conhecer as histórias das instituições, prédios e as pessoas importantes de Guarulhos.
A primeira região escolhida foi a que engloba o Gopoúva e a Vila Galvão. A escolha deveu-se ao local onde ocorrem as reuniões, a Casa dos Cordéis, residência onde nasceu o ex-prefeito Alfredo Antonio Nader (governou a cidade em 1970).
Segundo relatos a casa tem 80 e 90 anos

Segundo relatos a casa tem entre 80 e 90 anos
A primeira etapa do estudo foi feita pelos livros que contam a história da cidade, onde se encontram alguns registros históricos da região. Na próxima etapa, personalidades e moradores da região vão ser entrevistados. Depois os dados coletados vão ser comparados com documentos oficiais. Até partir para o projeto final que é escrever um livro.
Vandalismo e desinteresse das autoridades acabam com os vestígios do passado
Durante o passeio pôde-se notar que não há cuidado com os monumentos, por exemplo, na Praça Nossa Senhora Aparecida, no Jardim Vila Galvão. A placa de inauguração foi roubada.
Nos arredores do Teatro Padre Bento, que antigamente fazia parte do sanatório. Os prédios, exceto o teatro e a igreja, estão abandonados ou foram modificados, prova fiel do descuido com a história.
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, fazia parte do complexo do sanatório

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, era integrada ao complexo do sanatório
A Vila Galvão, onde antigamente passava o Trem da Cantareira, quase não guarda vestígios desse passado tão recente (o trem foi desativado em 1965). A única lembrança de que por ali algum dia passou um trem são placas que contam um pouco de história, mas também danificadas por atos criminosos de vandalismo.
Praça Santos Dumont, um dos poucos vestígios da linha do trem.

Praça Santos Dumont, um dos poucos vestígios da linha do trem.


Fonte. Bairro a bairro - Texto e imagens 
BRUNO CARVALHO


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